segunda-feira, 26 de março de 2018

ANÁLISE SINTÁTICA - ATIVIDADES DE REFORÇO


PARA ALUNOS DO ENSINO MÉDIO

ANÁLISE SINTÁTICA (TERMOS ESSENCIAIS E INTEGRANTES DA ORAÇÃO)


1. Das frases abaixo relacionadas, indique as que contêm oração ou orações:
(    ) Que noite linda!
(    ) Lindas, as noites mineiras!
(    ) Já estou aqui há dois meses.
(    ) 0 filho compreendeu perfeitamente o olhar do pai.
(    ) Silêncio, hospital!
(    ) A estrela ainda brilhava no céu.

2.  Assinale as alternativas em que não há oração:
(    ) Houve muita briga naquela festa.
(    ) Socorro!
(    ) Que horror!
(    ) Ele não foi bem sucedido nos seus negócios.
(    ) Rua contramão.
(    ) Despediu‑se dos amigos antes de viajar para a Europa.
(    ) Atenção, curva perigosa!
(    ) Caixa Econômica Federal.

3.  Indique se as frases abaixo contêm uma ou mais orações. Não se esqueça de primeiramente sublinhar os verbos:
     a) As velas são negras, negros os mastros, negra a tripulação.
    
     b) Quem entra por aí, cai na escravidão.
    
     c) As estrelas não eliminam a noite.
    
     d) Olha‑se para cima e vê‑se o firmamento pálido.
    
     e) A glória tinha sido fabricada pelo redator‑chefe da revista  e apoiava‑se em murmurações.
    
4.   Nas orações abaixo, sublinhe com um traço o sujeito e com dois o pre­dicado:
      a) Não gastamos dinheiro em coisas supérfluas.
      b) Contaram‑me um fato espantoso.
      c) Na praia fazia muito calor.
      d) Chegou atrasado no ginásio o ônibus escolar.
      e) Alugam‑se chalés nesta praia, para o período de férias.
      f) Havia cavalos, cabritos e patos no sítio do meu vizinho.
      g) À entrada da casa de meus avós, existiam mangueiras, pitangueiras e bananeiras.

5.   Numere de acordo com o caso, sublinhando, quando possível, o termo indicado:
      ( 1 ) sujeito simples
      (2) sujeito composto
      (3) sujeito oculto (determinado)
      (4) sujeito indeterminado
      (5) oração sem sujeito

(    )  Estude a lição, minha filha.
(    )  Havia muitas notas baixas na prova.
(    ) Nesta escola encontram‑se alunos inteligentes.  
(    ) Falaram muito de você no clube.
(    ) Come‑se bem nos restaurantes paulistas.
(    ) Come‑se, no Rio Grande do Sul, um bom churrasco.
(    ) Conversávamos animadamente eu e Paulo.
(    ) Conversávamos todos os dias após as aulas.
(    ) Num galho de mangueira brincam dois passarinhos.
(    ) Fazia muito calor em Brasília.

6. Sublinhe o sujeito e classifique‑o:
a) Vende‑se esta casa comercial.

b) São preferidos os candidatos gualificados.

c) Naquele cruzamento capotou um automóvel de passeio.

d) Faz hoje seis meses, após o lançamento do livro.

e) Quem trará meus livros?

f) Geou muito, durante a madrugada, em Santa Catarina.

g) Naquela entrevista, em que língua o embaixador e o jornalista falavam?

h) Necessita‑se de muito apoio para aquela campanha.

i) Trocávamos, sempre, idéias sobre as questões da prova.

j) São excelentes a água e o clima de Lambari.

7.   Das frases abaixo, sublinhe o núcleo do sujeito, determinando‑lhe a classe gramatical:
a) Era grande a alegria da criançada diante da notícia do passeio.
     
b) Sorriu o filho, nós também sorrimos, e tudo acabou em pura galhofa.

c) Fernanda estava serena e risonha.
     
d) Os dois foram aprovados no vestibular.
     
e) Quem ama o raro e o difícil?
     
f) Eles gostam das flores do campo.

g) Esta ficou espantada, sem palavras.


8. Preencha os parênteses, sendo: ( 1 ) predicado verbal; (2) predicado nominal; (3) predicado verbo‑nominal.
(    ) 0 mau aluno está sempre desatento.
(    ) A criança adoentada está em minha casa.
(    ) A canoa virou de repente.
(    ) Os desordeiros viraram a mesa enfurecidos.
(    ) A lagarta virou borboleta.
(    ) Considerei apenas o estilo.
(    ) Todos o consideravam capaz de tamanho empreendimento.
(    ) Andaram de carro por toda a Europa.
(    ) Andavam preocupados com a notícia.
(    ) Andavam pela cidade temerosos.


9.   Separe o sujeito do predicado e, em seguida, retire os respectivos núcleos:
a) Na selva todos os animais respeitam o leão.
     sujeito:
     núcleo:
     predicado:
     núcleo:

b) Os advogados do réu usaram de todos os meios possíveis.
    sujeito:
    núcleo:
    predicado:
     núcleo:

c) Depuseram na Delegacia várias testemunhas a favor do acusado.
    sujeito:
    núcleo:
    predicado:
     núcleo:

d) Ganhaste a fama de valente.
 sujeito:
 núcleo:
 predicado:
 núcleo:

e) No segundo semestre, recuperaram o tempo perdido professores e alunos.
 sujeito:
 núcleos:
 predicado:
 núcleo:
 
10. Indique se o predicado destas orações é (1) nominal; (2) verbal; (3) verbo-nominal, sublinhando o seu núcleo ou núcleos:
(    ) São frias as noites de junho.
(    ) Elegeram‑no representante da turma. 
(    ) A garotada corria no pátio da escola.
(    ) Os trabalhadores chegaram da obra cansados.
(    ) Durante os jogos do campeonato, as torcidas andaram entusiasma
(    ) Apesar das promessas, a exposição não foi inaugurada.

11. Distinga, nas seguintes orações, ( 1 ) os verbos de ligação; 2 ) verbos significativos:
(    ) A vida tornou‑se difícil para ele.
(    ) 0 empregado tornou à casa do patrão.
(    ) Os foliões da Mangueira estão nas ruas.
(    ) Os pescadores estão preocupados com o tempo.
(    ) 0 peão inexperiente caiu do cavalo.
(    ) A professora caiu doente.

12. Sublinhe o predicado de cada oração, indicando se o verbo é transitivo ou intransitivo.
a)      A brisa soprou do mar.

b)      0 nevoeiro cobriu toda a cidade.

c)      Caiu um raio na porteira do curral.

d)      Lia muito durante a noite.

e)      Sempre lia romances policiais.

 f) A cerca impediu a fuga do gado.

13. Distinga, nas orações abaixo, os verbos transitivos diretos dos transitivos indiretos:
a)      Guardou a documentação no cofre‑forte.

b) Demos-lhe a informação necessária.

c) Preciso de uma boa orientação.

d) Na biblioteca encontrei a primeira edição de uma obra rara.
     
       e) Meu irmão respondeu com presteza à carta do seu amigo.
    
      f) Cada um cuida de si.
    

14. Distinga nas orações dos períodos abaixo os verbos intransitivos, transitivos diretos, transitivos indiretos e, simultaneamente, transitivos diretos e indiretos:
a)      Às onze horas, a sineta deu o sinal das aulas.

b)      Os passageiros não lhe deram a devida atenção.

c)      Infelizmente deram, mas não receberam.



d)      Confie a Deus as minhas amarguras.

e)      Não pude assistir à solenidade toda.

f)       O doente foi bem assistido pelo médico de plantão.

15. Sublinhe com um traço o objeto direto e com dois o indireto:
a)      Enviamos circulares a todos os chefes de seção.
b)      Será conferido um prêmio aos vencedores da maratona.
c)      Uma medalha de ouro destinamos ao campeão de natação.
d)      0 mágico tirava coelhos da cartola.
e)      Lembre‑se, nas situações difíceis, dos meus‑‑conselhos.
f)       Trago‑lhe o meu abraço fraterno.


16. Sublinhe os complementos nominais das seguintes orações:
a)      Tudo isso é inteiramente inútil à harmonia dos povos.
b)      Sob o grande guarda‑sol vermelho, ele distingue o vulto da namorada.
c)      Quem responderia com referência a essas críticas?
d)      Tenho receio de que ele faltará com a palavra empenhada.
e)      A reclamação que fizeram tornou‑se útil às autoridades.
f)       Nele ninguém tinha confiança.

17. Sublinhe e classifique (1) objeto indireto; (2) complemento nominal:
(    ) Tinha ódio às injustiças.
(    ) Nada sei relativamente a este assunto.
(    ) Não duvides nunca de mim.
(    ) A notícia do acidente espalhou‑se por todo o bairro.
(    ) Não depende de nós a aprovação unânime.
(    ) Tenho certeza da sua inocência.




18. Indique se os termos sublinhados funcionam como (1) objeto indireto ou (2 ) objeto direto preposicionado:
(    ) Cabe a ela uma resposta enérgica.
(    ) Devemos amar a Deus sobre todas as coisas.
(    ) Não confiava em ninguém.
(    ) A professora a quem muito estimava deixou o colégio.
(    )  Encontrei‑o e a ela num baile de carnaval.

19. Preencha convenientemente os parênteses da primeira coluna com os números da segunda, tendo em vista a voz em que se encontra o verbo assinalado:
(   ) Reviram‑se as provas de todos os candidatos.                           ( 1 ) voz ativa
(   ) Todos a ouviram com emoção.                                                   ( 2 ) voz passiva
(   ) 0 museu foi visitado por muitos turistas.                                   ( 3 ) voz reflexiva
(   ) Feri‑me com um canivete suíço.
(   ) Por ele eram sentidas as tristezas do crepúsculo.
(   ) Penteou‑se em pleno salão de festas.


20. Passe as orações abaixo para a voz passiva:
a) Nada acrescentaste ao capítulo.

b) Jamais esqueceríeis aquela noite festiva, senhores acadêmicos.

c) Alexandre recebera‑o com alegria.

d) Ele citava sempre autores estrangeiros.

e) Convocaremos para a próxima semana uma reunião da diretoria.

f) A glória não o perturba.


21. Transforme o sujeito composto em sujeito simples:
 a) Eu e meus irmãos passaremos o Natal em Salvador.

b) Os alunos e os professores entrarão de férias em dezembro.

c) Serão nomeadas prioritariamente professoras e enfermeiras.

d) Na diretoria compareceram timidamente alunas, inspetoras e alguns serventes.

e) Olhavam deslumbrados à demonstração do mágico crianças, moços, velhos e eu.



22) Dos grupos de frases a seguir, identifique qual termo em destaque, assinale a opção em que o termo em destaque é complemento nominal:

(  ) Para que haja progresso, não é necessário extinguir os recursos naturais.
(  ) Para que haja progresso, não é necessária a extinção dos recursos naturais.

(  ) Todos os presentes tinham interesse pelas propostas ecológicas.
(  ) Todos os presentes interessaram-se pelas propostas ecológicas.

(  ) Lutar contra a corrupção é obrigação de todos.
(  ) A luta contra a corrupção é obrigação de todos.

23. Distinga os Complementos Nominais dos Objetos Indiretos:
a. Temos confiança em nossos jogadores.
b. Já organizamos a resistência a qualquer ataque inimigo.
c. Naquela situação difícil recorremos ao diretor.
d. Insisti na proteção ao meio-ambiente.
e. Gostamos de pessoas sinceras.
f. Lembre-se, pelo menos, dos amigos.
g. Fez grandes investimentos em terras.
h. A notícia agradou a todos.
i. O orador fez alusão ao fato.
j. O sertanejo sentia desprezo pelos automóveis.

24) Faça a transposição das frases em voz ativa para a voz passiva, conforme modelo.

Exemplo/modeloVoz ativa: Os operários derrubaram a parede.
                             Voz passiva: A parede foi derrubada pelos operários.


a) Voz ativa: O governo fará os ajustes políticos necessários.
    
b) Voz ativa: Nós realizaremos a cerimônia até o próximo mês.

c) Voz ativa: Os atletas conquistarão muitas vitórias nos próximos Jogos Pan-Americanos. 
  


25. Reconheça as vozes verbais nas seguintes orações:

a)    A primavera chegou.

b)    Luís foi elogiado pelos professores.

c)    A situação piorou muito nestes últimos anos.

d)    Não se fica mais triste nesta casa.

e)    Os culpados pelo crime foram presos ontem à noite.

f)     O apartamento da Tiradentes foi vendido com sucesso.

g)    Os fatos foram considerados graves pela população.

 h)   Lucas atropelou seu cachorro.


26. Identifique o complemento nominal que aparece em cada oração abaixo.
1- A criança tinha necessidade de afeto.
2- Precisamos estar conciente de nossos direitos.
3- Fumar é prejudicial à saúde.
4- Essa lei é benéfica à cidade.
5- Esse aluno é responsavel pela festa de formatura.
6- Temos muita confiança em nossos jogadores.



27) Nas frases abaixo, aponte o complemento nominal.

a) Tinha grande amor à humanidade.


b) Sempre foi insensível com os amigos.


c) Comportou-se favoravelmente ao adversário.



28)  Dê a função sintática dos termos destacados de acordo com o seguinte critério:

a)      objeto indireto     b) complemento nominal


(   ) O povo necessitava de alimentos.

(   O povo tinha necessidade de alimentos.

(   ) Eles confiam em amigos leais.

(   Creio em dias melhores.

(   Tenho dúvidas de suas palavras.

(   Duvido de suas palavras.

Por Adriely B. Oliveira (adaptações)

sexta-feira, 23 de março de 2018

UM POUCO DE POESIA

GUARDADOR DE ALMAS
Parado,
em frente ao portão,
O homem estremecido está.

Na sua mala carrega almas
recolhendo do passado, 
vocação exímia tem.

Recolhe do presente,
sensação de solidão.
E o futuro...

O guardador de almas
completa a labora
e dedica-se ao impetuoso trabalho

Não encontra sua alma...
A solidão reina em sua mala interna do peito.
(Adriely B.O. 23/03/18)


CALEIDOSCÓPIO
*** A cada fio de cabelo que cai da sua cabeça, um pedaço da sua alma se esvai.

O poder está em suas mãos! mas são elas que não obedecem o corpo.
No interior, a alma grita socorro, mas o mundo é surdo. Só ouve as necessidades próprias.
Deveria ser como uma semente, que ao ser plantada e cultivada brotaria...majestosamente.
mas a inquietude leva definitivamente o fio da estória para o ralo. ***
(Adriely B. O 23/03/18)



S-I-L-Ê-N-C-I-O
Silenciosamente surge o silêncio,
trazendo silêncio e silenciando
quem pode falar.
Porém, é no silêncio que o coração
bate mais forte, silencioso,
descompassado.
O corpo fala, a boca fala,
mas é no silêncio que
é declarado o que a alma clama.
Silêncio! o amor chegou
sorrateiro... ele não fala,
apenas sente.
(Adriely B.O 23/03/18)

quinta-feira, 1 de março de 2018

RESENHA DO LIVRO “MULHERES DE CINZAS”, DE MIA COUTO


RESENHA DO LIVRO “MULHERES DE CINZAS”, DE MIA COUTO

 Antônio Emílio Leite Couto, mais conhecido como Mia Couto, nasceu em  5 de julho de 1955, na Beira, Moçambique. É biólogo, jornalista e escritor. É exatamente por conta de sua formação em biologia que em suas obras podemos observar com nitidez a ambientação da narrativa. Mia Couto nos dá detalhes precisos sobre a ambientação africana, que por sua vez, é tão rica.  Sua linguagem exposta na obra é de forma poética, repleta de metáforas e com fatos vistos à luz do fantástico, como a vivência do avô de Inami embaixo das minas sempre escavando e os povos ouvindo os barulhos, ou até mesmo ouvindo gritos de dentro das armas, que eram enterradas. Neologismos aparecem também, como “arvoreceu”,  (COUTO, 2015, p.279).
Também traz um pouco da magia do povo africano, assim como suas crenças e modos de enxergar o outro, podendo trocar experiências e culturas.  Autor de mais de trinta obras tanto de poesia como prosa. Recebeu diversos prêmios literários, dentre eles o Camões em 2013 e o Neustadt Internacional Prize em 2014. É  membro da Acadêmia de  Brasileira de Letras. (ORELHA DO LIVRO, 2015)
O Livro “Mulheres de Cinza”, lançado no final do ano de 2015 é o primeiro livro  considerado, segundo o autor,  uma  trilogia, pois trata-se do primeiro volume do conjunto: As areias do imperador.  Um romance, que ocorre por volta de 1895,  já nos finais do século XIX. Livro com 342 páginas compostas por  um olhar ímpar sobre a cultura moçambicana, com exatamente por 29 capítulos sob a voz de Iname e Germano. Nos capítulos de Imane nos deparamos a cada leitura de capítulo uma epígrafe, sendo poéticas, nos dando abertura e questionamentos sobre a abordagem literária.
 Pela ótica de Georg Lukács, (1965) temos :
O  romance, a intenção, a ética, é visível na configuração de cada detalhe e constitui portanto, em seu conteúdo mais concreto, um elemento estrutural eficaz da própria composição literária. Assim o romance, em contraposição à existência em repouso na forma consumada dos demais gêneros aparece como algo em devir, como um processo.
Gênero romance que é uma narrativa longa, segundo Candida Vilares, (2001) e que envolve um número considerável de personagens, o número de conflitos, tempo e espaço dilatado e aqui classificado como romance histórico por abordar um enredo apaixonante vivido por Iname e um sargento português em um dado momento histórico escolhido pelo autor, que é a colonização de Moçambique por Portugal.
Assim como  Época em que o sul de Moçambique era governado por Ngungunyane, um líder/imperador do Estado de Gaza, mas conhecido como Gungunhane. Seu apelido era “Leão de Gaza”.  Em 1895  foi  derrotado pela coroa potuguesa e faleceu em 1906.   Nessa época a coroa portuguesa domina esse lugar e apesar de ser uma área delimitada, temos vários povos  e, que se comunicam de maneiras diferentes, no entanto possuem dialétos distintos.
Na obra temos especificados dois povos: os VaNguni, que tinha como chefe o imperador Ngungunyane e a coroa portuguesa, que era governada por um monarca, Dom Carlos I. Em meio a esse ambiente de guerra há os VaChopi; um pequeno povoado que habita a coroa portuguesa e que estão enfrentando os VaNguni.
Couto nos coloca defronte a uma jovem africana, que ganhara vários nomes na narração, como Cinza e Viva, mas que por fim a batizara de Imani por sua mãe, que quer dizer: “Quem é?” em sua língua. Verificamos na obra que há uma relação muito forte entre os nomes e a identidade dos povos, sendo assim vemos que Inami sente-se incompleta, em busca de sua identidade.  Ela é catequizada por jesuítas, por isso  aprende a língua portuguesa com os colonizadores, tanto que  no momento em que o  sargento Germano chega ao vilarejo ela passa a ser tradutora dele para conversar com as demais pessoas de sua tribo e também portugueses.
Na narração é aparentemente uma jovem com quinze anos de idade. Tal personagem vista como protagonista na obra de Mia Couto recebe o nome como “ato de poder”, assim como todos os demais personagens. Na cultura de Inami a designação de um nome a um objeto é colocada na obra de acordo com a cultura africana, sendo soprado pelos seus ancestrais. Mia caracteriza suas personagens femininas de forma magnífica. Evidencia a importância a representação das mulheres na obra, não somente a Imani, mas também sua avó, as irmãs, a tia e a mãe, principalmente por se tratar de um ambiente conflituoso, de guerra, de dominação, onde as mulheres são sujeitos vistos à margem e por isso silenciadas. Porém na obra de Mia ele ressalta a figuração da mulher de maneira positiva, assim como (Lepeck, 2003) que narra a  história de uma também jovem chamada Micaela, que se apaixona por um espião paraguaio e dá voz ativa a ela em um ambiente também de conflito e dominação, aqui se tratando a guerra do Paraguai.
 Essa moça, apresentada pelo narrador tinha uma enorme vontade de ser mãe.“Todas as meninas da minha idade, em Nkokolani, já haviam engravidado. Apenas eu parecia condenada a um destino seco. Afinal, não era apenas uma mulher sem nome. Era um nome sem pessoa. Um desembrulho. Vazio como o meu ventre" ( COUTO, 2015, p. 19). Essas mulheres retratam nesse conflito figuras que traçam o sofrimento, pois perdem filhos, são violadas pelo exército português, e por conta disso desejam a morte, aqui posta à luz de libertação e semeadora, vista pelo lado positivo. Apresentada de  forma poética, que para os negros os mortos semeiam a terra e é da terra que se produz o sustento.
Imani tinha dois irmãos; o mais velho, Dubula,  que em zulu significa “disparo de arma”, visto na obra como inteligente, e o mais novo, Nwanatu, considerado “lerdo e incapaz”, que desde pequeno um grande apreço pelo povo português.  Quando adulto torna-se sentinela do sargento Germano, motivo pelo qual deixa seu pai, Katini, muito envergonhado.
Na obra os capítulos são apresentados através do discurso de  Imani, em forma de narração, sendo muito agradáveis e mostrando como é a rica cultura de seu povo, e os outros narrados pelo sargento Germano; um soldado português que foi enviado ao vilarejo de Nkokolani. Seus capítulos são organizados por cartas, que tinha a intenção de enviar ao seu superior  José d’Almeida, mostrando de forma maldita a cultura africana.  Quando chegara ao vilarejo mostrou-se muito adorável fazendo com que o povo da tribo VaChopi o aceitasse de maneira cordial.
 Ao terminar a leitura da obra  de Mia Couto ficamos com vontade de ler o segundo volume da trilogia, que por sua vez, já foi publicado.   O autor aborda em seu romance histórico a cultura do povo africano, bem como o comportamento do colonizador e do colonizado.  Ademais nos faz entrar em um mundo com personagens ficcionais e reais, com ambientação histórica ocorrida em 1985, fazendo com que o leitor se questione relações de fronteira entre os elementos apresentados. Fronteiras estas que permeiam o tempo todo na obra entre real/ficcional, vida/morte. É um autor que explora o seu fazer  poético. A cada leitura uma palavras inventada carregada de simbolismo. Suas obras são bem construídas e que nos faz refletir sobre uma realidade distante de nós.   Também nos dá a possibilidade de compreender como  foi o processo de colonização de Moçambique por Portugal no processo do imperialismo europeu no continente africano. Obra linda, com linguagem poética, metafórica, porém acessível ao público que se interessa em romance histórico.
REFERÊNCIA
COUTO, Mia. Mulheres de Cinza: as areias do imperador: uma trilogia mocambicana, livro 1 - 1ª ed. - São Paulo: Companhia das letras, 2015.
LEPECKI, M.F.B. Cunhataí: um romance da guerra do paraguai. São Paulo: Talento, 2003.
GANCHO, Cândida Vilares. Como analisar narrativas. São Paulo: Ática, 2006.




OLIVEIRA, Adriely Barbosa, 2018.